COVID-19 x Hidroxicloroquina x Arritmia grave
Vivemos em um momento de pandemia causada pelo corona vírus (SARS-COV-2). Embora seja um vírus já conhecido anteriormente, causador da SARS no oriente médio em anos anteriores (2002), a evolução clínica atual é variável ( inicia como um quadro gripal com febre, tosse e cansaço). Considerado como uma doença “nova”, a sua evolução clínica, manifestações radiológicas e possíveis fármacos para tratamento são estudados continuamente, a fim de descobrir uma medicação que cure ou, pelo menos, minimize sintomas. Esperamos que ocorra o desenvolvimento de uma vacina para produção de imunidade permanente.
Estudos, que no meio médico, são conhecidos por ensaios clínicos têm usado a hidroxicloroquina como medicação capaz de curar ou ao menos reduzir a gravidade. Tal informação, ao ser divulgada na mídia gerou uma correria às farmácias para comprar e usar hidroxicloroquina como se a medicação fosse um “escudo” para defender do coronavírus. No entanto, tomar qualquer medicação sem orientação médica é um risco e pode ser considerada “uma faca de dois gumes”. Como diz o velho ditado, a diferença entre o remédio e o veneno está na dose.
No exercício da Medicina sempre temos o cuidado de evitar e observar possíveis interações medicamentosas. Traz preocupação medicações que alteram o estímulo elétrico do coração (altera a despolarização e repolarização ventricular) que é manifestada no eletrocardiograma através do prolongamento do intervalo QT. E a medicação mais discutida atualmente – hidroxicloroquina têm essa propriedade. O problema se torna ainda maior se o paciente utiliza outras medicações que possuem também a capacidade de aumentar o intervalo QT como por exemplo: eritromicina, amiodarona, sotalol, cilostazol, ondasetrona, escitalopram, paroxetina, indapamida , levofloxacina entre outras. A associação das medicações pode aumentar o intervalo QT até o momento que causa uma taquiarritmia (Taquicardia ventricular polimórfica também conhecida como Torsades de pointes), a qual pode levar a parada cardiorrespiratória (PCR).
Para minimizar tal risco deve realizar ECG seriado quando coadminsitrado medicações com potencial de aumentar intervalo QT. Na dúvida com suas medicações procure seu médico e finalizo com outro velho ditado “prevenir é melhor que remediar” – evite aglomerações, principalmente se você faz parte do grupo de risco.